Saúde mental dos profissionais da segurança pública no Brasil: um estudo transversal

Resumo

No contexto da Segurança Pública, que no Brasil é composta por instituições civis (Polícias Civil, Federal, Rodoviária Federal e Guardas Municipais) e militares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros), os profissionais enfrentam situações adversas que acarretam desgastes físicos e emocionais, comprometendo o seu contexto de vida pessoal, social e familiar. Este estudo teve como objetivo analisar as consequências decorrentes do estresse ocupacional dos profissionais que atuam na Segurança Pública, considerando também a influência do contexto familiar na estabilidade emocional e o impacto do estereótipo militar na adesão a terapias farmacológicas e não farmacológicas. Trata-se de um estudo transversal, baseado na aplicação de um questionário via Google Forms, com profissionais da segurança pública. Participaram 408 profissionais da Segurança Pública no Brasil. Verificou-se alta prevalência
de sintomas de ansiedade, depressão e estresse (66,7%), além de manifestações como cansaço, irritabilidade e sintomas de Burnout. Entre os participantes, 25,9% relataram uso de medicação e 59,1% utilizavam intervenções complementares ao uso de fármacos, como atividade física, psicoterapia e práticas integrativas. Evidenciou-se que o estigma relacionado à saúde mental e a cultura organizacional dificultam o cuidado, embora muitos ainda busquem apoio psicológico. O contexto familiar foi considerado, majoritariamente, um fator protetivo, mesmo diante do impacto negativo do trabalho sobre a dinâmica familiar. Conclui-se que as condições laborais exercem influência direta sobre a saúde mental desses profissionais, reforçando a necessidade de estratégias institucionais que promovam suporte psicológico e melhorias no ambiente de trabalho.